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segunda-feira, 27 de abril de 2009

POLUIÇÃO NOS MARES

Poluição nos Mares

Segundo a Agenda 21, o meio ambiente marinho caracterizado pelos oceanos, mares e os complexos das zonas costeiras formam um todo integrado que é componente essencial do sistema que possibilita a existência da vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidade para um desenvolvimento sustentável (Cap.17.1).

Mas apesar da imensidão, as águas marinhas existentes no globo vêm sofrendo muito com a poluição produzida pelo homem, que já atinge inclusive o Ártico e a Antártida, onde já se apresentam sinais de degradação. Devido ao grande volume de suas águas, os mares e oceanos há muito tempo vêm sendo usados como depósitos de detritos. É difícil saber a quantidade exata de poluentes lançados ao mar, pois todos os dias, os mares recebem toneladas de resíduos – alguns tóxicos, outros nem tanto.

Cerca de 77% dos poluentes despejados vêm de fontes terrestres e tendem a se concentrar nas regiões costeiras, justamente o habitat marinho mais vulnerável, e também o mais habitado por seres humanos. A população que mora no litoral ou nele passeia nos finais de semana e feriados é uma das grandes responsáveis pelo lixo que acaba se depositando no fundo do mar. Produzimos cada vez mais lixo e nos descartamos dele com uma velocidade cada vez maior.

Um estudo feito pela Academia Nacional de Ciências dos EUA estima que 14 bilhões de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos os anos. Não é à toa que as descargas de detritos urbanos produzam efeitos tão nocivos.


Plástico - produzimos vários tipos de lixo, mas a grande praga dos mares é o plástico. O material tem uma vida útil curtíssima, mas demora centenas de anos para se desfazer, seja no mar, seja na terra. E, dentro do estômago de um bicho marinho, pode fazer um grande estrago, levando-o até à morte. Para uma tartaruga, por exemplo, um saco plástico boiando na água pode parecer uma água-viva – ou seja, comida.


Ocupação desordenada - mas o lixo não é o único problema enfrentado pelos oceanos. A ocupação desordenada do litoral está criando outro tipo de poluição: a ambiental, caracterizada pela destruição das restingas e manguezais na costa e pela poluição crescente das praias. No próximo século, estima-se que 60% da população mundial estará vivendo em áreas costeiras, o que significa um número ainda maior de hotéis, casas e lixo nas praias e no mar.

As regiões estuarinas, os manguezais, os corais e as baías são os locais de procriação da grande maioria da fauna marinha. São nestes locais que principalmente camarões e centenas de espécies de peixes de potencial alimentar humano se reproduzem e criam. Justamente aí, nestes riquíssimos ambientes marinhos é que estão os maiores efeitos da poluição, pois é onde são despejados diretamente os resíduos tóxicos das cidades ribeirinhas, das inúmeras industrias e da agricultura, inclusive muitas vezes trazidos de grandes distâncias por rios que deságuam nestes locais.


Esgoto – o esgoto (industrial e doméstico) constitui uma das grandes ameaças para a vida marinha e para quem vive no litoral porque age como um fertilizante. O esgoto leva para o mar grande quantidade de matéria orgânica, o que acaba contribuindo para uma explosão do fitoplâncton – uma explosão que, não por acaso, é conhecida por "bloom". A vida microscópica cresce de forma desordenada, prejudicando os outros microorganismos marinhos, que ficam sem espaço, sem oxigênio e sem nutrientes. Um dos exemplos mais conhecidos do bloom é a chamada maré vermelha, que resulta da proliferação dos dinoflagelados – um tipo de fitoplâncton que contém pigmento vermelho. Os dinoflagelados produzem substâncias tóxicas que podem causar a morte.

O esgoto também carrega para o oceano diversos organismos nocivos como bactérias, vírus e larvas de parasitas. Metade do peso seco do lixo humano é composto por bactérias. Delas, um grupo em particular costuma ser apontado como o grande vilão: os coliformes fecais. Tanto que são empregados como indicadores do nível de poluição das praias. Pelo menos 30% das praias brasileiras tem mais coliformes fecais do que deveriam – um sinal de que tem esgoto demais por ali.


Petróleo - a poluição dos mares e das zonas costeiras originada por acidentes com o transporte marítimo de mercadorias, em particular o petróleo bruto, contribui, anualmente, em 10% para a poluição global dos oceanos. Todos os anos, 600.000 toneladas de petróleo bruto são derramadas em acidentes ou descargas ilegais, com graves consequências econômicas e ambientais.

Dos acidentes com petroleiros, que infelizmente não são raros, os mesmos derramam, quase sempre, enormes quantidades de petróleo que, flutuando e alastrando-se progressivamente, formam extensas manchas negras. São as chamadas marés negras, de efeitos altamente destruidores, provocando uma enorme mortandade na fauna (aves marinhas, peixes, moluscos, crustáceos, etc.). A difusão do oxigênio do ar para o mar é também afetada (e vice-versa). Além disso, o petróleo adere as brânquias de peixes e outros animais marinhos, impedindo trocas respiratórias adequadas e matando-os por asfixia.

Quando as marés negras atingem as zonas costeiras, os seus efeitos tornam-se ainda mais catastróficos. Além de destruírem a fauna e a flora com elas em contato, provocam enormes prejuízos à atividade pesqueira e tem um forte impacto negativo na atividade turística, já que os resíduos petrolíferos, de remoção difícil, impedem durante muito tempo a utilização das praias.

Para o grande número de acidentes com petroleiros contribuem decisivamente o envelhecimento da frota mundial (cerca de 3000 navios têm mais de 20 anos) e a deficiente formação profissional das tripulações. Apesar da existência de múltiplas instâncias jurídicas destinadas à protecção do meio marinho, a verdade é que a lógica do lucro imediato tem conduzido a um comportamento irresponsável por parte de numerosas empresas e armadores do setor.

Também nas operações de lavagem dos tanques dos petroleiros em pleno oceano são derramadas enormes quantidades de petróleo, que, não raramente, originam autênticas marés negras. Embora atualmente tal operação em pleno mar seja proibida, é natural que se continuem a cometer abusos, dada a dificuldade de fiscalização.


Metais pesados - devemos ainda citar o caso de despejo de metais pesados no mar, altamente tóxicos para os seres vivos, que têm a tendência de se acumular nas cadeias alimentares, aumentando a concentração a cada estágio.

Os poluentes dos mares decorrem da convergência dos principais vetores econômicos na zona costeira brasileira, demandando forte infra-estrutura de apoio logístico para a produção e a circulação de mercadorias. Isso, aliado à ausência de uma política urbana integrada às demais políticas públicas, se reflete em grandes concentrações urbanas pontuais ao longo de um litoral onde menos de 20% do municípios costeiros são beneficiados por serviços de saneamento básico e drenagem urbana (Agenda 21).

Vale ressaltar que cinco das nove regiões metropolitanas brasileiras se encontram à beira-mar e que metade da população brasileira reside a menos de 200 km do mar. Esse contingente gera cerca de 56 mil toneladas por dia de lixo, e o destino, de 90% desse total são lixões a céu aberto, que contribuem para a poluição de rios, lagoas e do próprio mar (Agenda 21).

Apenas recentemente alguns programas governamentais tem-se voltado para a melhoria das condições sanitárias da costa-brasileira, principalmente em regiões que contam com potencial de desenvolvimento do turismo. No entanto, dada a magnitude dos problemas, será necessário o esforço continuado ao longo das próximas décadas para reverter os impactos observados (Agenda 21).

(FONTE: Portal Ambiente Brasil)




sábado, 11 de abril de 2009

CRIME AMBIENTAL EM MARACAÍPE - PE

Balneário de Porto de Galinhas ameaçado por grave crime ecológico


Ambientalistas realizam protesto e denunciam crime ambiental no litoral Pernambucano. Cerca de 400 pessoas fazem manifestação em Maracaípe, em pleno feriado da Semana Santa para denunciar crime ecológico.


Baseados na lei estadual nº 9931 de 1983, cerca de 400 ambientalistas de Pernambuco reúnem-se no próximo dia 12 de abril, na Praia de Maracaípe – braço do famoso balneário de Porto de Galinhas -, há 84 km do Recife, para uma passeata contra a degradação ambiental no litoral sul do Estado. A manifestação objetiva denunciar o mais recente crime ambiental de Pernambuco: O aterro de quase três quilômetros de manguezal, de um dos braços do Rio Ipojuca, além da instalação de oito tubulações de esgotos apontadas para o que teria restado da vegetação. Atitudes que podem causar, ainda a curto prazo, uma considerável mudança na dinâmica do estuário, acarretando em danos para o equilíbrio do Ecossistema. Segundo os ambientalistas, o aterro foi realizado pela construtora contratada para construir a estrada que liga Porto de Galinhas a Praia de Maracaípe, mas estaria sendo ainda, estendido para construção de resorts que vão até a praia de Serrambi. A atitude fere a lei Estadual de 1983, que prevê a construção de obras a, no mínimo, 30m de distância dos manguezais e prevê dois anos de cadeia para quem descumpri-la, além da obrigatoriedade de compensação ambiental. O movimento ‘Salve Maracaípe’, recém fundado por biólogos pesquisadores, jornalistas, oceanógrafos, sociólogos, professores e estudantes (em sua maioria freqüentadores) do balneário, usa a oportunidade para exigir das autoridades o reparo dos danos já causados e mais responsabilidade social até a finalização das obras, previstas para terminarem somente em fevereiro de 2010.

Organizadores defendem a compensação através do reflorestamento do manguezal desta área, como também a criação de um centro de educação ambiental, que futuramente se tornaria a entrada das trilhas no mangue dos turistas. Os manifestantes temem que a degradação ambiental e o desequilíbrio ecológico possam acarretar em mazelas semelhantes às dos ataques de tubarões no Litoral da Região Metropolitana do Recife – que acabou com a prática de esportes aquáticos (como surfe, kitesurf, windsurf, Mergulho, Vela), faliu hotéis e resorts e retirou o Recife da lista de grandes capitais para o turismo de sol e mar. No gabinete Doutor Anastácio do Ministério Público Federal, já constam duas denúncias através do 1º Ofício de Tutela Coletiva.

O ex-promotor do município de Ipojuca, Miguel Sales, e do Procurador Geral da República, Pedro Jorge do Nascimento Costa apresentaram relatórios à Procuradoria Geral da República, que se comprometeu – mas ainda não cumpriu – marcar uma nova audiência pública sobre o tema. Um manifesto em defesa do litoral pernambucano elaborado pelo movimento ‘Salve Maracaípe’, com revisão de respeitados pesquisadores, como Lucivandio Jatobá, Biólogo pesquisador da UFPE, Luiz Lira, do departamento de Oceanografia da UFRPE e Ralph Schamborn, do departamento de Oceanografia da UFPE, está rodando a cidade em busca de apoios. A coordenação da manifestação promete, até o domingo (12), o engajamento de ambientalistas e artistas defensores da causa ambiental, como os fundadores do Movimento Mangue e atletas.

VISTORIA

Na última terça-feira (07), uma equipe formada pela Secretaria de turismo do estado, CPRH, George Barreto, Engenheiro do Projetece, Roseane Nunes, gerente de fiscalização ambiental do projeto da estrada, além do vereador de Ipojuca e morador de Maracaípe, Nen Batatinha, realizaram uma vistoria na obra da construtora Gusmão, responsável pela oba da estrada que liga Porto de Galinhas a Maracaípe. A vistoria foi realizada junto com a comunidade. Ainda assim, somente a licença de instalação foi apresentada aos presentes. Ainda restam a licença prévia, o estudo de impacto ambiental e a documentação de reparos no ecossistema (EIA/RIMA).
Na chegada da equipe ao local, tratores e retroescavadeiras aterravam mais área de mangue e foram impedidos por populares. O flagrante causou constrangimento e levou a equipe a convocar um Fórum de Participação popular, com reunião marcada para a próxima quarta-feira(15), às 9h.

APOIO

Além dos pesquisadores Lucivandio Jatobá, Biólogo, pesquisador e Professor Adjunto do Departamento de Ciências Geográfica da UFPE, Vicente Roque, Biólogo e presidente do Instituto Verde, Luiz Lira, do departamento de Oceanografia da UFRPE, Ralph Schamborn, do departamento de Oceanografia da UFPE, além de Clóvis Cavalcanti, mestre em economia da UFPE.
Outra aderência ilustre foi da penta atleta pernambucana, Larissa Lelys, que tem em mãos o manifesto e o abaixo assinado e promete se empenhar no meio desportivo para ampliar o número de simpatizantes. "Precisamos saber o que está acontecendo com as nossas praias e mangues. Maracaípe tem um manguezal belíssimo, um berçário da vida marinha, o qual já está muito poluído e degradado. Não podemos deixar que ele se acabe. Sem contar na minha preocupação com os tubarões. Foram justamente os crimes ambientais que os levaram a Boa Viagem. A natureza responde e se vinga”, disse.

PASSEATA

Os manifestantes concentram-se no domingo (12) de páscoa - quando a praia costuma ficar lotada –, às 12h, no coqueiral de Maracaípe, que têm dias contados para ser derrubado por causa da construção de um Resort. De lá, os ambientalistas seguem até o local onde estão sendo feitas as obras da estrada que liga Porto de Galinhas à Maracaípe para realizarem ato pacífico. A atividade será regada à criatividade, com direito a fantasias e confecção de engenhocas ecologicamente corretas. Mas o ponto alto acontecerá na ocasião, quando o movimento ‘Salve Maracaípe’ vai realizar UMA NOVA DENÚNCIA E DOCUMENTOS INÉDITOS, que poderão mudar o rumo das prioridades ambientais do Estado.

MOVIMENTO SALVE MARACAÍPE

O movimento ‘Salve Maracaípe’ é um grupo ambientalista recém fundado por biólogos pesquisadores, jornalistas, oceanógrafos, sociólogos, professores e estudantes (em sua maioria, freqüentadores do balneário). É um grupo não-oficial, ainda sem registros – como todo ele que se inicia - e sem fins lucrativos.
O grupo foi formado pela iniciativa de uma estudante de Ciências Ambientais da UFPE, Mariana Maciel, que através dos seus contatos, disseminou a idéia na internet aglutinando ambientalistas e profissionais em torno da bandeira e garantindo a realização da passeata do dia 12 de abril.
O nome é uma homenagem ao momento vivido pelo balneário, já que a idéia de defender e denunciar os abusos ambientais partiu da sensibilização com o manguezal de Maracaípe, mas o movimento não se restringe apenas aos danos de uma praia específica. O ‘Salve Maracaípe’ entende que a irresponsabilidade com o Ecossistema tem sido vivenciada por quase todo litoral pernambucano e objetiva enquanto sociedade civil organizada fiscalizar a atuação do poder público nos assuntos relacionados ao ecossistema estadual.
O ‘Salve Maracaípe’ deixa claro que não é contra o desenvolvimento. Mas, em contrapartida, exige que o desenvolvimento seja trazido à população com responsabilidade social e sustentabilidade justamente para que não sofra depois com a resposta da natureza.

SALVE MARACAÍPE
Assessoria de Imprensa
Manuella Bezerra de Melo DRT 8141
Fone: (81) 9641 6644
manuellabmm@yahoo.com.br

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ALGA OU GASOLINA, DOUTOR?

Algas podem render mais biodiesel que qualquer planta

(Fonte: Agência Fapesp - 19/12/2008)

Algas podem render mais biodiesel que qualquer outra planta


Microalgas vistas ao microscópio.[Imagem: Fraunhofer]








Já pensou, seu próximo veículo ser um ALGAMÓVEL?


Embora, entre as matrizes vegetais, a soja seja a principal base do biodiesel do Brasil, sua escala de produtividade é baixa - de 400 a 600 quilos de óleo por hectare - e tem apenas um ciclo anual. O girassol pode produzir um pouco mais, de 630 a 900 quilos.

Biodiesel de microalgas

No entanto, pesquisa realizada no Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) indica que microalgas encontradas no litoral brasileiro têm potencial energético para produzir 90 mil quilos de óleo por hectare.

E, segundo o estudo, elas têm diversas outras vantagens. Do ponto de vista ambiental, o biodiesel de microalgas libera menos gás carbônico na atmosfera do que os combustíveis fósseis, além de combater o efeito estufa e o superaquecimento.


Cultivo em terra pobre e água ruim

A alternativa também não entra em conflito com a agricultura, pode ser cultivada no solo pobre e com a água salobra do semi-árido brasileiro - para onde a água do mar também pode ser canalizada - e abre possibilidades para que países tropicais (como a Polinésia e nações africanas) possam começar a produzir matriz energética. Além disso, as algas crescem mais rápido do que qualquer outra planta.


"O biodiesel de microalgas ainda não é viável, mas em cinco anos haverá empresas produzindo em larga escala", estima o biólogo Sergio Lourenço, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, responsável pelo estudo.

Concentração de lipídios

Lourenço identificou dezenas de espécies com potencial para produzir o biodiesel em larga escala. O problema é que a porcentagem de lipídios de cada alga não é alta - poucas espécies chegam a 20% de concentração. Mas a soja (18%) e o dendê (22%) também concentram baixas quantidades de lipídios. O amendoim concentra 40%.

"Se a matriz tem baixa concentração de lipídios, temos que acumular muito mais massa", explica o biólogo. Por isso, ele e sua equipe trabalham em métodos para estimular a concentração de lipídios. "Por meio de técnicas de manipulação das condições de cultivo, conseguimos alterar a composição química nos meios de cultura, aumentando assim a concentração de lipídios. Em dez dias a biomassa está apta a ser colhida."

Seqüestro de carbono

Há pouco mais de um ano o projeto vem sendo articulado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Agricultura, a Secretaria Especial de Água e Pesca e a Casa Civil, que conduz o Programa Nacional de Biodiesel.

Conversas têm sido feitas com a Petrobras para apoiar o projeto. O financiamento permitiria o cultivo em grande densidade, em tanques de 20 mil litros, primeiramente em uma unidade da UFF, antes de ser levada ao semi-árido. Há também, segundo Lourenço, outra vantagem ecológica nesse cultivo: para fazê-las crescer, é necessário tirar carbono da atmosfera.

Biomassa de microalgas

As microalgas são usadas há décadas na produção de encapsulantes e na aquacultura, para alimentar peixes e outros animais. Segundo o pesquisador, desde a década de 1970, depois da primeira grande crise do petróleo de 1973, já se pensava na aplicação desses organismos marinhos para a produção de energia a partir da biomassa.

"Perdemos terreno por nunca ter investido o suficiente nessa frente. Hoje, o barril do petróleo custa US$ 70 e já chegou a custar US$ 143 este ano, batendo um recorde histórico. O Brasil tem tudo para se tornar a potência energética mundial. Nos encontramos na vanguarda dos biocombustíveis: além de termos alcançado a auto-suficiência na produção de petróleo, temos o maior programa de álcool do mundo", destacou.

Cultivo em áreas disponíveis

De acordo com Lourenço, outra vantagem é que, assim como a cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, as microalgas demandam uma área pequena para seu cultivo e podem produzir uma quantidade de biocombustível bem maior.

"A cana-de-açúcar ocupa 2% da área agrícola do Brasil, aproximadamente 45 milhões de hectares. A Embrapa indica que o país tem ainda 100 milhões de hectares que pode ocupar. O programa energético prevê mais 2 milhões de hectares, ainda assim uma fração da área total disponível. Com o cultivo das microalgas ocupando apenas 1% da área que a soja utiliza hoje, pode-se produzir a mesma quantidade de biodiesel que ela produz ao ano", afirmou.

Biocombustível para aviação

Presidente da Associação Brasileira de Biologia Marinha e autor do livro Cultivo de Microalgas Marinhas: princípio e aplicações (2006), Sergio Lourenço explica que não são todas as espécies de microalgas com potencial para biocombustível, mas conta que aquelas que identificou também poderiam ser aplicadas para a produção do bioquerosene, maior interesse do setor da aviação na atualidade.

Em fevereiro de 2008, um Boeing da companhia aérea Virgin Atlantic fez um vôo entre Londres e Amsterdã movido a bioquerosene à base de óleo vegetal - uma mistura de babaçu e coco. As empresas aéreas gastam 85 bilhões de galões de querosene tradicional por ano e são responsáveis por 3,5% das emissões de dióxido de carbono no mundo.

"O setor tem que diminuir as emissões e pretende trabalhar com uma mistura de 20% de bioquerosene, hoje feita à base de óleos vegetais, com o querosene tradicional, que custa o equivalente a 40% do preço de uma passagem aérea", disse Lourenço.

Segundo ele, o processo de produção do bioquerosene é semelhante ao do biodiesel - ambas as moléculas estão presentes nas microalgas, com a diferença de que as do biodiesel são maiores.

"Elas têm a mesma classe de moléculas, mas com características químicas diferentes; uma alga descartada para aplicação de biodiesel pode ser usada para bioquerosene", disse.

Em fevereiro de 2009, o setor aeronáutico estará reunido em Montreal, no Canadá, no Congresso da Associação Internacional de Aviação (Iata) para discutir, entre outros assuntos, o uso das microalgas na produção de bioquerosene. Esse foi também o destaque de um evento promovido pela Boeing em outubro passado.


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