Balneário de Porto de Galinhas ameaçado por grave crime ecológico
Ambientalistas realizam protesto e denunciam crime ambiental no litoral Pernambucano. Cerca de 400 pessoas fazem manifestação em Maracaípe, em pleno feriado da Semana Santa para denunciar crime ecológico.
Baseados na lei estadual nº 9931 de 1983, cerca de 400 ambientalistas de Pernambuco reúnem-se no próximo dia 12 de abril, na Praia de Maracaípe – braço do famoso balneário de Porto de Galinhas -, há 84 km do Recife, para uma passeata contra a degradação ambiental no litoral sul do Estado. A manifestação objetiva denunciar o mais recente crime ambiental de Pernambuco: O aterro de quase três quilômetros de manguezal, de um dos braços do Rio Ipojuca, além da instalação de oito tubulações de esgotos apontadas para o que teria restado da vegetação. Atitudes que podem causar, ainda a curto prazo, uma considerável mudança na dinâmica do estuário, acarretando em danos para o equilíbrio do Ecossistema. Segundo os ambientalistas, o aterro foi realizado pela construtora contratada para construir a estrada que liga Porto de Galinhas a Praia de Maracaípe, mas estaria sendo ainda, estendido para construção de resorts que vão até a praia de Serrambi. A atitude fere a lei Estadual de 1983, que prevê a construção de obras a, no mínimo, 30m de distância dos manguezais e prevê dois anos de cadeia para quem descumpri-la, além da obrigatoriedade de compensação ambiental. O movimento ‘Salve Maracaípe’, recém fundado por biólogos pesquisadores, jornalistas, oceanógrafos, sociólogos, professores e estudantes (em sua maioria freqüentadores) do balneário, usa a oportunidade para exigir das autoridades o reparo dos danos já causados e mais responsabilidade social até a finalização das obras, previstas para terminarem somente em fevereiro de 2010.
Organizadores defendem a compensação através do reflorestamento do manguezal desta área, como também a criação de um centro de educação ambiental, que futuramente se tornaria a entrada das trilhas no mangue dos turistas. Os manifestantes temem que a degradação ambiental e o desequilíbrio ecológico possam acarretar em mazelas semelhantes às dos ataques de tubarões no Litoral da Região Metropolitana do Recife – que acabou com a prática de esportes aquáticos (como surfe, kitesurf, windsurf, Mergulho, Vela), faliu hotéis e resorts e retirou o Recife da lista de grandes capitais para o turismo de sol e mar. No gabinete Doutor Anastácio do Ministério Público Federal, já constam duas denúncias através do 1º Ofício de Tutela Coletiva.
O ex-promotor do município de Ipojuca, Miguel Sales, e do Procurador Geral da República, Pedro Jorge do Nascimento Costa apresentaram relatórios à Procuradoria Geral da República, que se comprometeu – mas ainda não cumpriu – marcar uma nova audiência pública sobre o tema. Um manifesto em defesa do litoral pernambucano elaborado pelo movimento ‘Salve Maracaípe’, com revisão de respeitados pesquisadores, como Lucivandio Jatobá, Biólogo pesquisador da UFPE, Luiz Lira, do departamento de Oceanografia da UFRPE e Ralph Schamborn, do departamento de Oceanografia da UFPE, está rodando a cidade em busca de apoios. A coordenação da manifestação promete, até o domingo (12), o engajamento de ambientalistas e artistas defensores da causa ambiental, como os fundadores do Movimento Mangue e atletas.
VISTORIA
Na última terça-feira (07), uma equipe formada pela Secretaria de turismo do estado, CPRH, George Barreto, Engenheiro do Projetece, Roseane Nunes, gerente de fiscalização ambiental do projeto da estrada, além do vereador de Ipojuca e morador de Maracaípe, Nen Batatinha, realizaram uma vistoria na obra da construtora Gusmão, responsável pela oba da estrada que liga Porto de Galinhas a Maracaípe. A vistoria foi realizada junto com a comunidade. Ainda assim, somente a licença de instalação foi apresentada aos presentes. Ainda restam a licença prévia, o estudo de impacto ambiental e a documentação de reparos no ecossistema (EIA/RIMA).
Na chegada da equipe ao local, tratores e retroescavadeiras aterravam mais área de mangue e foram impedidos por populares. O flagrante causou constrangimento e levou a equipe a convocar um Fórum de Participação popular, com reunião marcada para a próxima quarta-feira(15), às 9h.
APOIO
Além dos pesquisadores Lucivandio Jatobá, Biólogo, pesquisador e Professor Adjunto do Departamento de Ciências Geográfica da UFPE, Vicente Roque, Biólogo e presidente do Instituto Verde, Luiz Lira, do departamento de Oceanografia da UFRPE, Ralph Schamborn, do departamento de Oceanografia da UFPE, além de Clóvis Cavalcanti, mestre em economia da UFPE.
Outra aderência ilustre foi da penta atleta pernambucana, Larissa Lelys, que tem em mãos o manifesto e o abaixo assinado e promete se empenhar no meio desportivo para ampliar o número de simpatizantes. "Precisamos saber o que está acontecendo com as nossas praias e mangues. Maracaípe tem um manguezal belíssimo, um berçário da vida marinha, o qual já está muito poluído e degradado. Não podemos deixar que ele se acabe. Sem contar na minha preocupação com os tubarões. Foram justamente os crimes ambientais que os levaram a Boa Viagem. A natureza responde e se vinga”, disse.
PASSEATA
Os manifestantes concentram-se no domingo (12) de páscoa - quando a praia costuma ficar lotada –, às 12h, no coqueiral de Maracaípe, que têm dias contados para ser derrubado por causa da construção de um Resort. De lá, os ambientalistas seguem até o local onde estão sendo feitas as obras da estrada que liga Porto de Galinhas à Maracaípe para realizarem ato pacífico. A atividade será regada à criatividade, com direito a fantasias e confecção de engenhocas ecologicamente corretas. Mas o ponto alto acontecerá na ocasião, quando o movimento ‘Salve Maracaípe’ vai realizar UMA NOVA DENÚNCIA E DOCUMENTOS INÉDITOS, que poderão mudar o rumo das prioridades ambientais do Estado.
MOVIMENTO SALVE MARACAÍPE
O movimento ‘Salve Maracaípe’ é um grupo ambientalista recém fundado por biólogos pesquisadores, jornalistas, oceanógrafos, sociólogos, professores e estudantes (em sua maioria, freqüentadores do balneário). É um grupo não-oficial, ainda sem registros – como todo ele que se inicia - e sem fins lucrativos.
O grupo foi formado pela iniciativa de uma estudante de Ciências Ambientais da UFPE, Mariana Maciel, que através dos seus contatos, disseminou a idéia na internet aglutinando ambientalistas e profissionais em torno da bandeira e garantindo a realização da passeata do dia 12 de abril.
O nome é uma homenagem ao momento vivido pelo balneário, já que a idéia de defender e denunciar os abusos ambientais partiu da sensibilização com o manguezal de Maracaípe, mas o movimento não se restringe apenas aos danos de uma praia específica. O ‘Salve Maracaípe’ entende que a irresponsabilidade com o Ecossistema tem sido vivenciada por quase todo litoral pernambucano e objetiva enquanto sociedade civil organizada fiscalizar a atuação do poder público nos assuntos relacionados ao ecossistema estadual.
O ‘Salve Maracaípe’ deixa claro que não é contra o desenvolvimento. Mas, em contrapartida, exige que o desenvolvimento seja trazido à população com responsabilidade social e sustentabilidade justamente para que não sofra depois com a resposta da natureza.
SALVE MARACAÍPE
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